Ministra Cármen Lúcia defende importância da política

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse nesta quinta-feira (21), na palestra "Democracia, participação popular e partidos políticos", no II Congresso de Direito Eleitoral de Brasília, que não se deve ir contra a política. “Podemos ser contra o servidor, o agente público, o modelo de governo, os governantes. É da democracia a liberdade de criticar. Não podemos é ficar contra a política. A política é necessária”, afirmou a ministra no evento realizado na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Segundo a presidente do STF, o ser humano ainda não inventou outra forma de convivência e de espaço plural senão pela racionalidade que a política oferece por meio de instituições que garantem a aplicação dos direitos. “Demonizar a política faz com que tenhamos o caos em vários momentos. A democracia garante o Estado de Direito”, afirmou. De acordo com a ministra, é preciso que a democracia seja um compromisso de cada um dos cidadãos. “Não se pode, em nenhum momento, contrariar, tergiversar ou deixar que a democracia seja algo da conta do outro. A democracia brasileira é uma conquista permanente e uma luta contínua”, declarou. Para a presidente do Supremo, é uma grande conquista que estejamos participando de um processo democrático com a Lei das Eleições (Lei 9.504/1997) e a Lei da Ficha Limpa, que partiram da iniciativa popular. “As constituições e as leis eram ditadas para o povo, sem consultá-lo”, destacou.  A ministra Cármen Lúcia assinalou que um dos fatores da crise da democracia representativa no Brasil é o alto número de partidos políticos. “É fato que o modelo presidencialista, que se repete nos estados e municípios, faz com que o número excessivo de partido dificulte a formação de consensos”, citou. A presidente do STF apontou que, apesar disso, a maioria dos cidadãos não se sente representada por nenhum das legendas. “Precisamos de partidos programáticos, como é no mundo todo, e não pragmáticos, como são muitos partidos no Brasil. Quem tiver o cuidado de ler o programa de todos os partidos verá que não tem muita diferença no que eles oferecem, quais são os objetivos e os principais compromissos”, salientou. A ministra Cármen Lúcia defendeu que o cidadão participe da política para mudar a situação. “Não adianta só reclamar, pois isso não leva a lugar algum. O que leva é participar e promover as mudanças. É preciso que o pensamento se transforme numa ideia, a ideia se transforme em um programa e o programa se transforma numa ação. É preciso que nós todos nos comprometamos com a ética, senão é o caos. Precisamos ser honestos na nossa vida diária. É preciso que a gente se comprometa com a melhoria das instituições para todos”, disse.
21/06/2018 (00:00)
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