Ministra Cármen Lúcia abre ciclo de palestras do STF e CNJ

Na tarde desta segunda-feira (21), a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, abriu o ciclo de palestras "Cidadão no Plural”, idealizado para compartilhar pensamentos e ideias para reflexão entre servidores do Conselho Nacional de Justiça e do STF. A primeira palestra, com o tema “Brasil: uma visão da política e da cidadania”, foi apresentada pelo jornalista Fernando Gabeira. De acordo com a ministra, a série de palestras tem como objetivo discutir os grandes temas de interesse do Brasil, do Poder Judiciário e, principalmente, dos cidadãos. “A ideia é sair um pouco da técnica do direito e nos reunirmos para ouvir pessoas que têm algo a nos dizer e com quem podemos dialogar”, ressaltou a ministra na abertura do evento. A presidente afirmou que o papel do Poder Judiciário, em especial, é estabelecer laços eventualmente rompidos, mas o papel de todo o cidadão é fazer com que todos “possam ter oportunidade de um mundo melhor, um país melhor e, portanto, podermos viver melhor”. Segundo ela, “no momento em que precisamos de cidades políticas, precisamos também de grandes cidadãos políticos, pessoas que fazem da cidade não apenas uma casa, mas uma possibilidade de a gente melhorar para nós mesmos e mostrar para aqueles que venham depois de nós que há cidadãos que lutam uns pelos outros”. Em sua exposição, o jornalista Fernando Gabeira discutiu temas importantes da sociedade brasileira e salientou aspectos da crise do país, ao acrescentar que muitos deles repercutem no Supremo. “Um dos problemas dessa crise é a perda de um projeto nacional, de uma certa sensação de objetivo comum”, avaliou. Para ele, a crise pede a construção de uma união nacional e alguns objetivos sociais comuns são a reconstrução da economia, melhor funcionamento dos serviços públicos, combate à corrupção, além de políticas de segurança pública, educação e saúde. O jornalista salientou que o sentimento nacional deveria ser algo que une as pessoas acima das diferenças e afirmou que, apesar de o avanço no campo das lutas identitárias (a exemplo das lutas femininas, dos negros e dos homossexuais) ser algo positivo, enfraquece o objetivo nacional. “Essas pessoas, em algum momento, passam a ver as lutas identitárias como a luta principal delas, bem como o seu território ou a sua cultura como algo à parte e se isolam um pouco da sociedade ou colocam a sociedade como uma espécie de adversário em potencial”, explicou. Segundo Fernando Gabeira, o processo político dos últimos anos também contribuiu muito para a desunião da sociedade brasileira e, mais adiante, o movimento parece ter descoberto que a corrupção era o grande problema. “Chegamos a um ponto de descontrole e caiu o nível nas manifestações e no próprio Parlamento”, observou. De acordo com ele, a população brasileira atual não tem mais as mesmas características do passado “e isso mostra claramente como se intensificou a comunicação e como temos condições de acesso a informações importantes”. “Elementos novos estão no cenário e a gente precisa compreender esses elementos novos que podem levar a população a tomadas de posições mais sensatas”, concluiu. No final da palestra, a ministra agradeceu a presença do jornalista, bem como suas lições e reflexões. “Tenho certeza de que muito vão contribuir para que todos nós possamos pensar como cidadãos e para que tenhamos crescimento sobre todas essas questões que são candentes e graves e que estão postas para todos nós brasileiros”, ressaltou a presidente do Supremo.
21/05/2018 (00:00)
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