Homenagens à vereadora Marielle marcam encontro de juizados de violência doméstica

As homenagens à vereadora Marielle, assassinada na última quarta-feira, dia 14, marcaram o início do Encontro das Equipes Técnicas dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, realizado hoje, dia 16, no Tribunal de Justiça do Rio. No início da reunião, foi feito um minuto de silêncio em memória de Marielle, que lutou pelos direitos das mulheres, entre outras causas. Emocionada, a juíza titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Adriana Ramos de Mello, contou que conhecia pessoalmente a vereadora e admirava o seu trabalho. “Eu queria estar recolhida, em luto, mas a Marielle gostava de luta”, destacou. Para a magistrada, a vereadora foi vítima do que chamou de “feminicídio político”. Na ocasião, a juíza destacou a importância de pensar em projetos para o enfrentamento da violência doméstica e da valorização do trabalho da equipe técnica, composta por psicólogos e assistentes sociais, fundamental para os juízes da área. Ela também falou sobre o Observatório Judicial de Violência contra a Mulher, banco de dados do Poder Judiciário fluminense que serve como ferramenta de análise e pesquisa; sobre a Sala Lilás, espaço humanizado para vítimas de violência doméstica que foi implantada no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, com previsão de instalação em outras unidades do IML, além do Projeto Violeta, que reduziu o tempo para a aplicação de medidas protetivas. Ressaltou ainda que o crime de lesão corporal é o mais comum. “Normalmente, é um crescente, começa com injúria, depois ameaça e lesão corporal, podendo culminar com feminicídio”, disse. Sobre o tema “Histórico da violência contra a mulher no Brasil: avanços e desafios”, a antropóloga Alessandra Rinaldi, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacou que as formas de violência contra a mulher se materializam nas experiências cotidianas, marcadas por violações. “Ser mulher é ser violada cotidianamente”, enfatizou. Segundo o psicólogo do 6º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Leopoldina) e professor de Psicologia Jurídica na PUC-Rio, José César Coimbra, as frases mais ouvidas dos homens agressores em relação às mulheres vítimas de violência são “eu te amo” e “se ela não pode ser minha, não será de mais ninguém”. Ele falou sobre os dramas e histórias que são retratados diariamente nos juizados e destacou a importância de efetivamente ouvir o que é dito e sinalizar as necessidades psicológicas dos envolvidos. Participaram também dos trabalhos no período da manhã a diretora-geral da Diretoria-Geral de Administração (DGADM), Alessandra Anátocles, e a psicóloga e diretora do Divisão de Apoio Técnico Interdisciplinar (Diati), Sandra Levy, entre outros. SP/AB
16/03/2018 (00:00)
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